quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Dias de Aulas de uma P.G. V




Era então hoje o dia da narração das histórias de vida. O grupo tinha sido estabelecido na aula anterior, consoante as experiências em outras situações pedagógicas semelhantes. O meu grupo é constituído por mim e mais três colegas mulheres.
Fui o primeiro a narrar a minha história de vida. Apesar de estar habituado a fazê-lo, não deixa de ser sempre uma nova descoberta e um novo encontro comigo, com o meu passado, com o meu vivido. Aspectos positivos que são exprimidos com sorrisos, e aspectos com carga negativa contados com mais emoção. Falei ininterruptamente durante cerca de 28 minutos. O sentimento de partilha é sem dúvida interessante, uma vez que estava-me a contar perante três pessoas, que apesar de colegas, penso ser a primeira vez que estava a falar com elas. A segunda colega falou com emoção, era a primeira vez que teve “coragem” para contar uma experiência traumática, senti que se encontrou com os seus “fantasmas”, senti-a inicialmente perdida, insegura e vulnerável. Com o passar do tempo o seu discurso passou a ser mais confiante, embora não disfarçasse a emoção.
A terceira colega a falar, pareceu-me uma mulher mais vivida e com os seus “fantasmas” dominados, era sem duvida uma história sofrida, cheia de desencontros e carregada de sofrimento. Pareceu-me alguém que já reflectiu este período da sua vida e finalmente encontrou o seu caminho.
A última colega a narrar a sua história de vida, prometeu que não falaria muito, uma vez que se sentia incapaz de se contar. Realmente teve bastante dificuldade, mas sentiu que aquele momento de partilha de experiências tinha sido genuíno e tentou partilhar com o grupo.
Ao analisar as histórias de vida, há sem duvida uma preponderância de movimentos negativos. O sofrimento é sem duvida o que é mais difícil de relembrar, embora porém, talvez seja aquele que mais necessidade teremos de partilhar. Ao contarmos momentos traumáticos, enfrentamos os nossos medos e inseguranças. Acredito que quando as contamos repetidamente estes nossos “fantasmas” passam a ter um peso bastante menor na nossa vida, conseguindo cada um de nós seguir com uma vida mais saudável.
Depois deste momento, tivemos reunião de supervisão de cuidados. A reunião com o professor, teve como objectivo, analisar o caminho percorrido na elaboração dos portfólios. Sinto que apesar de tudo, estou a desenvolver um trabalho que vai de encontro aquilo que se pretende, alem disso estou a sentir prazer em fazê-lo e estou sem duvida a aprender coisas sobre saúde mental, que para mim eram completamente desconhecidas.

2 comentários:

Rosa Silvestre disse...

Olá Luis. linkei o seu blog. Agora faz parte dos preferidos do Criancices.
Uma óptima semana de trabalho e estudo!

Anónimo disse...

obrigado. fico orgulhoso. o criancices já é um blog referenciado aqui no psikiatrices.