segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Este Foi o Inicio...

CARTA DE MOTIVAÇÃO PARA CONCURSO NA P.G.S.M.


A área da Saúde Mental (SM) é talvez a mais complexa no âmbito da profissão de Enfermagem, porque é a que mais depende de todo um processo de comunicação. É sem dúvida importante em toda a acção de enfermagem, mas na SM é o instrumento de intervenção por excelência. Assim, toda a abordagem nesta área é construída a partir do processo de interacção, esperando-se que os profissionais sejam capazes, de estabelecer relações terapêuticas com os utentes.
A SM é transversal às outras áreas de actuação em Enfermagem. Está presente em todo o processo da relação de ajuda. É fundamental aprender a integrar e mobilizar conhecimentos, para melhorar a qualidade dos cuidados na assistência às pessoas com perturbações emocionais.
Quantas vezes durante o meu percurso profissional e pessoal, confrontei-me com pessoas que sofriam de desequilíbrios emocionais, como consequência dum processo de doença, ou simplesmente porque a sua fragilidade não lhes permitiu lidar adequadamente com os factores stressores a que todos nós estamos sujeitos. A minha actuação nestas interacções é essencialmente orientada pelo “bom senso”, esforçando-me contudo para me colocar no papel dessa pessoa. Por vezes obtenho resultados positivos e gratifico-me por sentir que atenuei o sofrimento das mesmas, mas outras vezes sinto alguma frustração, pois gostaria de as compreender melhor para melhor as ajudar. Noto contudo, alguma dificuldade em interagir com pessoas com alguns comportamentos desviantes daquilo que é considerado a normalidade. Estas situações colocam-me algumas questões e aguçam-me a minha curiosidade sobre o que é normal ou não, já que a doença mental sempre foi vista como um desvio em relação a um padrão de comportamento pré estabelecido, pela sociedade em geral. O que me interroga é sobre o que faz um indivíduo apresentar estas alterações e que tipo de abordagem deve ser feita.
Esta área sempre me aliciou desde o início da minha vida profissional e chegou o momento de investir na construção de um novo projecto profissional. Por isso, pretendo, com a frequência da Pós Graduação (PG) na área da SM na Adição e na Reabilitação Psicossocial, além de poder obter respostas a estas minhas interrogações, adquirir competências para um desempenho adequado na minha interacção com este tipo de pessoas, ajudando-os a enfrentar estes momentos de crise.
A minha escolha do Elenco A, deve-se ao facto de pretender continuar a desempenhar funções na área do adulto, e de ser a área que mais se enquadra, com o tipo de problemáticas com que mais me irei deparar no meu futuro serviço, já que aguardo transferência para o Serviço de Psiquiatria.
Ao analisar a minha experiência profissional, sinto algumas lacunas de formação na área da PG a que concorro, apesar do meu percurso apresentar pontes de ligação ás unidades curriculares propostas.
Colaboro com uma Escola de Enfermagem, onde lecciono sobre o papel do enfermeiro no apoio ao casal infértil/Infertilidade. Apesar destas aulas estarem inseridas noutra área de actuação de Enfermagem, é maioritariamente na SM Comunitária e Familiar que devem ser posicionadas. Nestas aulas, utilizo as Narrativas de Vida como método formativo, exemplificando com uma história de vida, qual deve ser o posicionamento do enfermeiro. Pretendo que os estudantes possam reflectir, criando uma relação de parceria com o casal, apoiando-o. Publiquei, um artigo a descrever esta minha experiência, fazendo uma abordagem formativa e terapêutica das Histórias de Vida.
Sou responsável da formação em Serviço e foi sempre minha preocupação, incluir formação numa área mais relacional, onde a relação de ajuda é primordial. Foram criados, momentos de discussão e reflexão das experiências profissionais de cada elemento. Foi iniciado, um curso sobre dinâmicas de grupo, com o objectivo de toda a equipa se conhecer melhor, poderem fortalecer elos de ligação entre os elementos. Está também a decorrer, uma formação sobre técnicas de Sofrologia, para atenuar o stresse e promover o auto conhecimento Senti que estas abordagens foram muito positivas, houve uma consciencialização das relações entre os elementos da equipa e uma preocupação em as fortalecer. Desejo então aprofundar mais sobre esta temática, dado que, por vezes, uma pessoa estranha ao nosso contexto, pode ajudar-nos a conhecermo-nos melhor e mostrar o nosso posicionamento no grupo.
Esta é a minha experiência e os meus interesses a nível profissional no domínio da Enfermagem de SM. A frequência da PG, pode ser útil para desenvolver competências no sentido de deixar de usar o “bom senso” e passar a actuar de uma forma correcta, cientifica, de maneira a que ao fazê-lo, não agrave as situações em que a SM esteja afectada e possa decisivamente ajudar na reabilitação psíquica e social dos utentes que me estão confiados. Além de responder a alguma da minha inquietude, uma vez que me vai ajudar, a conhecer melhor os outros e consequentemente a mim mesmo, possa também, sentir-me realizado por ajudar convenientemente o outro.
Fui aluno da Escola Superior de Saúde de Setúbal (ESS), tendo frequentado o Curso de Complemento em Enfermagem. Senti uma enorme motivação durante a minha formação nesta escola. Contribuiu decisivamente, para o desenvolvimento das minhas competências profissionais, para uma visão algo diferente da Enfermagem e para um crescimento pessoal. Frequentar a ESS permitiu-me adquirir, muitos subsídios, para o meu desempenho. O conhecimento da Escola, da sua filosofia de ensino, assim como do seu elenco Docente, é uma mais valia para o meu concurso a esta PG.
Quero também destacar que os conteúdos programáticos da PG a que concorro influenciaram decisivamente o facto de querer continuar a minha formação profissional nesta instituição.
Por tudo o foi descrito, estou motivado para a frequência da PG em SM opção Adição e Reabilitação Psicossocial.

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